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Harmonização: Paccheri Napolitana, recheada com Gorgonzola e Pinhão, com Schmitt Barley Wine Magnun

Encontrei essa massa no mercado dia desses e resolvi colocar minha “genialidade” na cozinha em prática. É uma massa tradicional da Itália, em formato de tubo, que pode ser consumida somente com molho ou recheada com variadas pastas.

Lembrei que a namorada havia comprado uns pinhões, que nesta época é o que mais se encontra nos mercados, vez que estarmos alguns quilômetros da Serra Catarinense – responsável pela maior distribuição dessa iguaria no Brasil e no Mundo.

O Pinhão é a semente da Araucária – Pinheiro Brasileiro -, encontrado no hemisfério Sul e que tem seu ápice no final do outono. Semente com parentesco do famoso “Pinólis”, esse encontrado no mediterrâneo e com sabores mais intensos que o nosso Pinhão.

Deixando um pouquinho de lado essa parte “histórica”, vamos ao que interessa: Comida e, sempre, uma bela cerveja para harmonizar.

Voltando ao momento “genialidade”, lembrei dos Pinhões que a namorada havia comprado e, por ter um sabor particular, busquei algo que completasse e não fizesse feio frente à cerveja. Com meu conhecimento culinário e em cervejas, escolhi o gorgonzola para dar mais intensidade ao prato, sem que esse brigue com o pinhão ou com a cerveja.
Fiz uma mistura com o pinhão, cebola rocha, gorgonzola e creme de leite. Recheei os tubos de massa e um belo bechamel para acompanhar esta deliciosa massa. Dá um pouco de trabalho rechear a massa, mas vale o esforço.

Partindo, então, para o que mais interessa, a cerveja, vasculhei meus momentos de alegria em que me deliciava com diversas loiras, morenas e ruivas – calma, estou falando das cervejas – lembrando de uma bela American Barleywine, produzida por uma micro-cervejaria gaúcha – Cervejaria Schmitt -, já exclamada em um post sobre cervejas para inverno.

Essa barleywine, nomeada por Magnun Barley Wine, é uma cerveja intensa e robusta, com notas de caramelo, malte, frutas, toffe. Leva uma segunda fermentação na garrafa, marca registrada da cervejaria, dando longevidade à cerveja.

Encarou muito bem a força do gorgonzola, harmonizando perfeitamente com seu toque doce e, ao mesmo tempo, picante. Já sua elevada carbonatação e a presença do amargor do lúpulo ajudaram na limpeza da gordura do bechamel e do pinhão.

Uma bela harmonização, trazendo sempre novos sentidos ao prato e sem brigar momento algum.

Receita

Paccheri Napolitano recheado com Gorgonzola e pinhão
500g de Paccheri Napolitano
400g de Gorgonzola
300g de pinhão cozido e picado e finas lascas
1 cebola rocha picada
500 ml de creme de leite
1 colher de sopa de manteiga
Sal e pimenta a gosto

Bechamel
1,5l de leite
75g de manteiga sem sal
100g de farinha de trigo
Sal e pimenta do reino a gosto

Para o molho: derreta a manteiga, junte a farinha e forme uma pasta. Sem deixar queimar essa pasta, junte o leite aos poucos até diluir toda pasta, sempre batendo com a ajuda de um batedor (fouet). O leite deve estar morno para que não sofra choque térmico ao entrar em contato com o calor da panela e da pasta, assim deixando de formar grumos de farinha.
Ferva por mo mínimo 15 min., para que o sabor de farinha deixe de ser evidente. Deve formar um creme de cor marfim e levemente temperado.

Para o recheio: refogue a cebola e o pinhão em manteiga. Coloque em um refratário, junte o gorgonzola, o creme de leite, tempere a gosto e mexa até formar uma pasta leve.
Coloque o recheio na massa, com a ajuda de uma colher ou um saco confeiteiro. Disponha a massa recheada em um refratário (de vidro, no caso) que possa ir ao forno. Coloque o molho e asse em forno pré-aquecido a 180°C por 30 a 50min, dependendo do forno. A massa deve ficar al dente.

Photos by Michele M Xavier (@MicMX) e Renata Diem (@renatadiem)

BierTruppe n° 1 x Granola Cookie x Brownie

Após meses esperando a grande novidade da BierTruppe – ou ‘Tropa da Cerveja’ em alemão -, cá estou, este pobre mortal, parecendo criança com brinquedo novo.

A BierTruppe surgiu em 2008 com a junção de 4 aclamados conhecedores da loirinha no Brasil: Edu Passarelli, Botto, André Clemente e Alexandre “Bamberg”. Apaixonados por cerveja e com o intuito de fazê-la, porém, daquelas que temos pouco acesso no Brasil, ou estilos que a indústria nacional não oferecia, com o intuito de abastecer nossa alma com muita felicidade.

Após a produção da cerveja sazonal de Natal – a Saint Nicholas, uma blond ale -, eles precisavam dar um nome ao grupo. Depois de muitos nomes furados e mirabolantes surgiu o ‘BierTruppe’.

Com esse nome a lembrança remete ao som de Iron Maiden (The Trooper). Ultrapassado esse passo, veio a idéia de fazerem suas caricaturas em cima da imagem de Eddie, do The Troope (mascote do Iron Maiden), surgindo, então, a imagem que vemos ao entrar no blog da “trupe”.
Sua primeira ‘cria’ foi a Tcheca: cerveja verdadeiramente Pilsen, com características semelhantes as do estilo surgido na República Tcheca.

Mas vim aqui para trazer a mais nova criação desses malucos por cerveja: a “BierTruppe Vintage Nº1”. Trata-se de uma Barley Wine, com 9% de volume alcoólico, passada por barricas de carvalho, onde antes já havia maturado vinhos e brandys de uma vinícola gaúcha.

Primeiramente foi produzida uma Ale potente e bem ‘alimentada’, com cepa de levedura capaz de atingir alto teor alcoólico.
Após, maturada em barricas de Inox, para então ser deixada descansando por 100 dias na de Carvalho, permitindo que os ‘queridos bichinhos do fermento’ fizessem seu trabalho e nos permitissem esse prazer de uma autentica Barley Wine.

(In)felizmente essa cerveja não pode ser comercializada, ao contrário das demais do grupo: Infelizmente porque ainda temos um campo restrito para a cerveja, com uma legislação ‘ignorante’ que não permite Vintage por aqui; Felizmente por ser essa cerveja destinada somente aos verdadeiros amantes dessa iguaria.

E como disse no começo do post: Cá estou eu, como criança com brinquedo novo. Isso por ter conseguido adquirir uma caixa dessa belezinha, após o Passarelli divulgar via Twitter que estaria disponibilizando poucas caixas para venda.

Após receber essa maravilha de cerveja, não poderia deixar de juntar minhas três paixões: a gastronomia, a cerveja e a companhia da minha querida namorada, por último mas não menos importante – puxa-saco do jeito que sou, ela é homenageada com suas belas fotos e com um post aqui).

A primeira brincadeira foi no dia em que as recebi em casa. Depois de fazer deliciosos “Granola Cookies”, resolvi testar uma possível harmonização e fugir da dica descrita no rótulo: ideal com queijos azuis e carne de cordeiro.

O casamento foi perfeito. Por ser uma cerveja robusta, com notas de madeira, possível baunilha, frutas secas, marmelada e toffe, casou muito bem com o açúcar mascavo da massa do Cookie e com o chocolate, trazendo novas sensações, como a de picância (decorrente do açúcar mascavo), notas amendoadas e leve percepção de vinho (paladar frequente na cerveja, mas aqui potencializado).

Já a outra brincadeira surgiu após muito insistir para provar o maravilhoso brownie da namorada (quatro meses de luta e só ontem consegui tal façanha).
Um delicioso Brownie com bastante chocolate 70% cacau.

Mais uma vez a cerveja não fez feio.

Os sabores encaixaram muito bem com o chocolate do bolinho. As percepções foram bem parecidas com a harmonização dos cookies, mas com uma pequena diferença: por levar bastante chocolate, a leve doçura cortou levemente o álcool, aqui bem perceptível, e acabou potencializando os demais sabores.

Ao meu ver, e sem querer desmerecer a namorada (agora vou ter que bajular bastante pra não apanhar), a hamornização com o cookie foi melhor balanceada, trazendo novas sensações ao paladar, sendo estas diferentes das encontradas na cerveja e no cookie.

Uma grande cerveja. Mais uma vez a Truppe não fez feio e com esse time seria difícil isso acontecer.

Com certeza uma das melhores, senão a melhor cerveja já produzida no País.
Pena que ainda temos o ‘comando geral’ da grande indústria e a errônea ‘(des)ajuda’ do nosso governo. Mas vamos lutar para que nossa cultura cervejeira possa crescer e ser reconhecida no resto do mundo.

Abaixo a receita do Brownie e dos Cookies (aquela extraída pela namorada do blog La Cucinetta)

Cookies

Ingredientes:
60 g de açúcar mascavo
1 ovo
60 g de manteiga s/ sal macia mais não derretida
60 g de farinha de trigo
¼ cdc de fermento químico
¼ cdc de canela em pó
1 boa pitada de sal
50 g de castanha de caju sem casca e quebradinhas
50 g de castanha do pará sem casca e quebradinhas
50 g de uvas passas
50 g de chocolate meio amargo quebradinho em pedaços pequenos
50 g de granola

Método:
Pré aqueça o forno – 180°C
Em uma tigela junto o ovo e o açúcar mascavo. Usando um fouet, bata até a mistura obter uma consistência cremosa. Adicione a manteiga e mistura bem.
Peneire a farinha junto com o fermento, a canela, o sal e adicione à mistura de manteiga, açúcar e ovo. Acresça as castanhas, passas, chocolate, granola e misture tudo.
Coloque a quantidade de uma colher de sopa da mistura numa assadeira com papel manteiga, continue assim com toda a mistura;
Asse em forno pré aquecido por 10 minutos. O meio ainda ficará mole, pois, após retirar do forno, os cookies irão endurecer.
Deixe esfriar antes servir.

Brownie

Ingredientes:
160g de chocolate amargo Callebaut (54% de cacau)
120g de manteiga sem sal
1 xíc. de açúcar mascavo orgânico (apertado na xíc.)
1 colh. (chá) de essência de baunilha
2 ovos grandes orgânicos
3/4 xíc. + 2 colh. (sopa) de farinha de trigo
1/4 colh. (chá) de fermento químico em pó
1/2 colh. (chá) de sal

Preparo:
Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga e enfarinhe uma forma quadrada de 20cm. Pique o chocolate, reservando 50g para usar no final. Derreta o restante dele com a manteiga, em banho-maria, mexendo de vez em quando até ficar homogêno. Remova do vapor e deixe que esfrie um pouco. Enquanto isso, peneire em uma tigela a farinha, o sal e o fermento. Reserve. Junte o açúcar e a baunilha à mistura de chocolate e mexa bem, até que todo o açúcar esteja dissolvido. Adicione os ovos e misture bem. Junte a farinha peneirada aos poucos, em quatro vezes, misturando bem a cada adição. Incorpore agora o chocolate picado reservado e despeje a mistura na forma. Leve ao forno por 25 minutos, ou até que um palito inserido na massa saia praticamente limpo. Remova do forno e deixe esfriar por 10 minutos antes de cortar em quadrados de 5cm.

Photo by Michele Meiato Xavier (@MicMX )