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São Patrício every day

Sabe aquela desculpa que damos para encher a cara de chopp Guinness em pubs irlandeses e ingleses, vestidos de duendes verdes? Agora já temos outra, à altura, para festejar isso.

Inaugurou em Balneário Camboriú, no dia 12 de novembro, o Empório São Patrício. Um empório pequeno, porém super aconchegante e com vasta variedade de cervejas – algumas nunca vistas por aqui, como a americana Goose Island e a alemã Schofferhofer, com adição de Grape Fruit (um suquinho na verdade).

Como as opções em Santa Catarina ainda são poucas – comparadas aos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro -, não podemos deixar passar essa oportunidade. Eu, a namorada/esposa Michele, meu irmão e um casal de amigos fomos conferir de perto essa nova casa cervejeira.

Aproveitamos o feriado, que estávamos com grana no bolso – nem tanto assim – e pegamos a estrada, resolvendo passar o dia em Balneário Camboriú fotografando (esposa e amigos são fotógrafos), terminando-o com belas cervejas.

Mesmo sendo um local não muito fácil de se encontar – devido a falta de luminoso na fachada e por ser complicado andar de carro naquela cidade em período de “temporada” -, logo avistamos as belas garrafas de cervejas nos chamando para serem devidamente apreciadas.

Chegando ao estabelecimento fomos muito bem recebidos por Jerusa, esposa do proprietário, que nos mostrou como funciona o esquema da casa: mesão central, só abrir uma das geladeiras, escolher a cerveja que será degustada, sentar e bater um papo com quem lá esteja, seja a pessoa quem for a seu lado.

E foi assim mesmo que aconteceu: logo na chegada já fui recepcionado com um gole da Brooklyn Black Chocolate Stout, mesmo nunca antes tendo visto o rapaz que ela me ofereceu.

Conversa vai, conversa vem, com grande dúvida do que tomar, optei por abrir uma Rogue Mocha Porter – Porter muito interessante, com notas achocolatadas, leve café, amargos pronunciado e persistente e leve acidez do malte torrado. Segundo a cervejaria americana, cerveja feita para enaltecer o chocólatra existente dentro de cada um.

Enquanto eu e um amigo degustávamos essa Porter, as meninas – culpa da Renata, que gosta de “coisa docinha” e não aprecia cerveja – resolveram por tomar a já antes citadas Schofferhofer: com adição de suco de Grapefruit. Uma cerveja bem sem graça, diga-se de passagem, feita de trigo, com baixíssimos álcool e sabor de cerveja. Pobre Michele, que teve que provar desse suquinho.

Mas voltando às cervejas e deixando o suco de lado, a próxima degustada foi a Boont ESB da Anderson Valley. Encontrada em casas especializas por aqui, mas que sempre vale ser (re)experimentada. Uma ESB com carga alta de lúpulo, trazendo notas herbáceas, leve biscoito, caramelo e levíssimo aroma de baunilha. Uma cerveja muito gostosa.

Aproveitando a campanha dos cervejeiros caseiros/artesanais realizada no mesmo dia no twitter – para “biervangelizar” uma pessoa, apresentando-lhe cervejas artesanais/especiais -, resolvi limpar o fígado de meu irmão, acostumado tão somente com cervejas comerciais.
No começo resistiu: não queria provar nada diferente dizendo não gostar de nada. Depois de muita batalha, cedeu e acabou se jogando em algo mais marcante, diferente das comerciais daqui.
A escolhida foi a Brooklyn Lager: Vienna Lager, com uma bela cor ouro-âmbar (dourado, puxando para o alaranjado), com bom amargor bem balanceado com o sabor de malte, leve caramelado e um ótimo aroma floral e cítrico do dry hopping.

Apesar da diferença marcante, ele adorou a cerveja e disse que aquela, apesar do preço, poderia ser uma cerveja para se tomar todos os dias. Missão cumprida.

Depois de muitas conversas, risadas, fotografias e eu esperando o sócio/proprietário do estabelecimento (Julio) para ter uma conversa, coloquei mais uma Rogue para gelar. Dessa vez uma Dead Gay Ale,
Deliciosa Maibock, com sabor adocicado de malte puxando para o mel, leve caramelo, final seco (devido ao fermento utilizado) e um saboroso e balanceado amargor.

Uma cerveja fantástica e com uma rótulo muito interessante, feito para um bar mexicano, em comemoração ao Dia dos Mortos, onde seria servida a cerveja on tap. A Rogue gostou tanto do rótulo que acabou adquirindo-o e trazendo-o para a sua cerveja especial de dia dos mortos.

Para não ficarem de fora, as meninas queriam experimentar algo diferente e que valesse a pena todo o ritual de degustação. Vasculhando as prateleiras, achei uma Meantime Chocolate, que já de cara ganhou as graças com seu belo layout (desde a garrafa até a tampinha). Como sabia que uma delas prefere algo sem muito gosto de cerveja (?), cairia bem esta cerveja, com sabor predominante dos maltes torrados, puxando para o chocolate amargo, com pouquíssimo lúpulo, textura licorosa e bela cor preta. Cerveja deliciosa e que cumpre o que promete.

Depois de muita espera e essas belas cervejas degustadas, consegui ter uma conversa breve com Julio, batendo um papo rápido sobre o lugar. Essa conversa se estendeu por e-mail, com um pouquinho mais sobre o estabelecimento, onde a idéia é de levar ao público a degustação no local das cervejas mais consagradas do mundo, que vão desde a já conhecida Guinness até as italianas Baladin, afora as cervejarias brasileiras. Tudo isso sem muito compromisso, com ótimos preços e bate papo descontraído.

E claro que, por ser um empório, no local são vendidos, além das cervejas, suvenirs como copos e “bolachas” personalizadas. Julio contou também que teve a idéia do local com um grande amigo – por coincidência, grande amigo meu também – e hoje seu sócio: Marcos Camargo, também sócio do Clube do Malte em Curitiba. A idéia inicial é valorizar as cervejas artesanais brasileiras, tentar trazê-las para o público catarinense e mostrar que o Brasil não é feito somente de “Skols” e “Brahmas”.
Essas [nacionais] ainda não estão à venda no local, mas logo logo estarão dividindo espaço com as grandes cervejas internacionais e esperando granhar o destaque merecido.

O primeiro contato de Julio com cervejas foi em Blumenau, onde tinha uma banda de rock e ensaiavam degustando chopp de uma cervejaria artesanal de Timbó. Depois disso, teve contato com a Eisenbahn – no tempo que era boa – e de vez caiu nas graças da cerveja.

Um lugar pequenino, aconchegante e que trará muita alegria para Balneário e região.

Vida longa ao Empório São Patrício. Logo lá estarei novamente para realizar uma harmonização com cervejas italianas e com método champanoise.

Fotos By @MicMX