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Troque a enganação pela verdade

Muito esta acontecendo no meio cervejeiro brasileiro. Pessoas revoltadas que a área esta ganhando novos adeptos e crescendo – juro que não entendi a revolta. Dizem que é por trazer picaretas, mas, até onde me consta, isso há em todos as áreas de mercado e não são eles que acabam com elas, mas sim problemas cada vez maiores com o Governo e nossas verdadeiras cervejas que “Nunca serão”; cervejeiros artesanais brigando entre si pra saber qual a melhor escola cervejeira, enquanto os “grandes” – Ambev, FEMSA e outros – enchem os bolsos de dinheiro e ganham mais bitolados com lavagem cerebral.

Esta semana, lendo um dos mais novos livros sobre cerveja, “Cerveja e Filosofia” , matutei muito sobre a atual cena cervejeiro do país e como podemos muda-lá. Em um dos capítulos, Garrett Oliver, Mestre – Cervejeiro da Brooklyn Brewery, compara a produção e degustação de cervejas com a “Matrix”. Para ele, o que pensaríamos que seria uma cerveja de verdade, na realidade (?) não seria. Mas o ponto que aqui quero chegar é sobre o capítulo onde Dale Jacquette fala sobre a autenticidade da cerveja e o quanto estamos sendo enganados pelas cervejas de massa.

Estamos sendo corajosos ao revolucionar a mente dos consumidores com novas cervejas no mercado, principalmente quando só ouvimos falar de cerveja quando é aquela “água de barrela” – como dizem os manézinhos. Essa inovação é boa, mas temos que tomar muito cuidado ao querer mostrar que aqui o que muitos tomam não é cerveja e sim água saborisada. A nossa cabeça funciona muito com a estimulação e  lembranças, e não será empurrando goela à baixo, ou tratando o degustador como um idiota que não sabe de nada, que ele começará a apreciar a dita cerveja especial.

Não podemos discutir gostos pessoais, mas podemos discutir um padrão de qualidade e produção. De como ela é feita e de como  chegará até o cliente. E isso é motivo parar muita discussão, mas vou me deter a poucos detalhes.

Qualidade e produção são duas coisas que andam juntas. Se não seguir critérios rigorosos na produção, há chances de seu produto sair com qualidade inferior a de um com critérios rigorosos. Outro grande aliado da qualidade é a matéria-prima de boa precedência. E é neste ponto que quero chegar aqui.

Lendo o capítulo de Oliver comecei a perceber o quanto enganado é o público que toma as bebidas produzidas em massa como cerveja. Digo isso pois,  muitos produtos são de péssima qualidade e carga excessiva de química é introduzida até chegar ao consumidor. Começando pelos maltes, que são de tão péssima qualidade que se insere arroz e milho não maltados para baratear o produto, chegando na mesa do consumidor com preço super reduzido e mascarando algumas imperfeições do malte base. O lúpulo, que caracteriza o amargor da cerveja, colocados nestas “cervejas”, são na verdade extratos de lúpulo, de péssima qualidade e sabor. E parar mascarar tudo isto, ela é filtrada com carbono ativado – ou duas vezes filtrada a -2ºC, como aquela “cerveja” que vem na bola de neve –  parar retirar com ele todas as impurezas – e haja impureza.

Sabe aquela espuma que você tanto detesta na cerveja? Pois então, até ela é “montada” nestas enganações chamadas de cerveja. Os ingedientes e processos que geram a espuma são de tão péssima qualidade, que ela é gerada com uma substância parecida com sabão, chamada de heading liquid.

Poderia delatar mais barbáries feitas nesta bebida, mas, somente nestas citações, você já pode ver o quão enganado é e quão rico, rindo da sua cara, os fabricantes destas bebidas estão. Nem na justiça poderiamos colocá-los, por infringir o código de defesa consumidor, pois não temos leis tão claras sobre a cerveja no país.

Cervejas de verdade são constituídas de água, malte, lúpulo e fermento. Claro que em alguns países elas são temperadas com outros cereais na formulação, mas esses não são grande maioria, diferente das ditas cervejas, que chegam a ter 60% de outros cereais além do malte base.

Cervejas bem produzidas são caras, não porque querem ganhar em cima e, como alguns acham, ser uma bebida exclusiva, mas pelos ingredientes usados: caros e de qualidade superior. Portanto, se querem saber como é realmente uma cerveja, procurem começar com cervejas leves, como a Pilsen, por exemplo, e tentar perceber todas as diferenças lá encontradas, comparando com aquela que dizem ser cerveja.

Não se deixem enganar pelas megas publicidades. Procurem qualidade e não quantidade. E cervejeiros, vamos parar de briguinhas de primário e mostrar para TODOS o que é uma boa cerveja, seja ele “bebedor de rótulo” ou por modismo.

Foto de Michele M. Xavier