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Wäls: “Uma bebida dos Deuses”


Hoje, sexta-feira, dia de “sorrir com o fígado”, como disse o monge do filme “Comer, Rezar, Amar” – que, por sinal, é um baita filme e serve até mesmo para marmanjo chorar – e, por isso, o post será em homenagem a uma das cervejarias de maior expressividade do Brasil, a Wäls Cervejas Especiais

A cervejaria fica em uma das regiões de maior manifestação na cena cervejeira do país: o estado de Minas Gerais. Lá que eles se encontram, mais precisamente em São Francisco, na conhecida Região da Pampulha.

No final dos anos 90 resolveram colocar à prova as grandes cervejarias e mostrar que as artesanais têm tanto poder quanto as de larga produção. Foi isso que conseguiram com cervejas de caráter único, nas quais o que está em jogo é a criatividade e a perfeição.

“Na vida, as melhores coisas são aquelas feitas com amor, dedicação e carinho. Foi pensando nisso que a Cervejaria Wäls se baseou para elaborar ‘uma bebida dos Deuses’”. Belas palavras, não?
E inspirados nisso eles conseguiram transformar o malte, o lúpulo, a água e os “bichinhos comedores de açúcares” em grandes cervejas.

Desde a primeira Wäls que apreciei, virei fã: uma Pilsen Bohemia. Genuína Pilsen, com características iguaizinhas àquelas que encontramos no país de sua origem: a República Tcheca. Seu amargor de lúpulo – bem equilibrado com os maltes especiais – não podia ser melhor.

Depois de todo o maravilhamento com essa Pilsen, ganhei dois exemplares da X-wäls assim que saiu no mercado. Essa deixou um pouco a desejar, confesso: leve, bom sabor de malte e leve lúpulo. Boa pedida para o verão escaldante de Floripa, mas nada demais.

Mas não me deixei abalar e fui atrás das demais cervejas da marca.
Experimentei uma Dubbel (cerveja Strong Ale escura), com sabor de frutas secas e amêndoas, assim como os respectivos aromas. Mas a apreciação foi igualmente prejudicada, pois estava oxidada. Isso ocorreu em duas oportunidades e, infelizmente, ainda não consegui realmente prova-lá.

Mas como sou alemão teimoso – só de sobrenome mesmo –, comprei mais um exemplar e que hoje será apreciado – ao menos vamos tentar – entre amigos.

Mesmo com esses empecilhos, busquei provar os outros estilos da cervejaria e esses, sim, ganharam meu gosto de vez e me fizeram virar fã número 1, com direito a seguir no twitter e “puxa-saquismos” merecidos.

A trippel é deliciosa – até mesmo a esposa/namorada virou fã, ainda que aprendendo a apreciar boas cervejas só porque começou a namorar este escriba. Super aromática, com ótimo equilíbrio do malte e amargor, paladar condimentado e uma bela cor dourada.

Mas a menina dos olhos, contudo – em minha modesta opinião -, é a Quadruppel. Uma das cervejas mais complexas que já pude apreciar. Seus aromas de frutas secas, toffe, malte, chocolate e seus sabores puxando para o toffe e chocolate, com amargor equilibrado, deixam-na “redonda”, com ótimo dinkability.

Esperamos que as próximas “crias”, que logo chegarão ao mercado – nova X-Wäls, Witbier e duas Bruts (estas para o ano que vem) – continuem na mesma qualidade e encantamento como as demais.

Para finalizar, deixo aqui uma dica de harmonização: Filé Mignon suíno, acompanhado de Tortei de Abóbora ao molho de Ale e açafrão.
Essa harmonização foi feita com uma Trippel, que caiu muito bem com o filé e, principalmente, com a massa, pelas características frutadas e condimentadas da abóbora. Esse molho poderá parecer amargo, isso é resultado de a cerveja conter mais lúpulo e ser levada ao fogo, ganhando destaque o seu amargor. O açafrão fará o trabalho de equilibrá-lo, bem como a cerveja ao harmonizar. Testem e depois comentem aqui o que acharam.

Aproveitem e alegrem seus fígados, almas e espíritos. Pelo menos neste momento de alegria todos os problemas serão pequenos.
Boa sexta e ótimo fim de semana.

Receita
500g de Mignon Suíno
400g de tortei de abóbora
Cerveja tipo Ale
1 colher de café de açafrão
250 ml de creme de leite
3 chalotas
Sal
Pimenta do Reino
Salvia
Manteiga
Preparo:
Corte o Mignom em medalhões, tempere com o sal, pimenta do reino moída e a salvia picada. Reserve.
Pique as chalotas em cubos bem pequenos, caso não achar chalotas pode ser trocada por uma cebola média. Branqueie na manteiga, sem deixar pegar cor, junte a cerveja e deixe reduzir.
Aqueça uma frigideira e sele os medalhões, todos os lados, em fogo alto na manteiga. Retitre da frigideira e leve ao forno médio – 200°C – para terminar a cocção.
Após a cerveja reduzir, junte o creme de leite, ferva por 5 min, até reduzir novamente pela metade e junte o açafrão. Tempere com sal e pimenta do reino.
Cozinhe o tortei até ficar al dente.
Só servir e apreciar.

Fotos comida by @MicMX